quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pedofilia : a gente vê por aqui.

Acompanhei na televisão a resportagem sobre um técnico de futebol infanto-juvenil de Sorocaba que abusava dos seus "atletas".
Após o treino os abusos aconteciam nas redondezas do campo de futebol. E prosseguiam na casa do maníaco, após convite aos meninos para darem uma passadinha por lá.
Eu nunca joguei futebol em minha vida ( mal sei chutar uma bola ) e nunca fui abusado sexualmente por ninguém. Mas, passei por uma situação de assombro quando criança que, felizmente, só se avizinhou deste caso aí de cima.
Tinha eu os meus 10 anos e caminhava pelo início da Avenida Raul Furquim, rumo à Prefeitura ( onde minha mãe e meu pai trabalhavam ) quando um sujeito que treinava o time infanto-juvenil da Internacional de Bebedouro me chamou na base do "psiu!!".
Eu, bem informado pela Dona Anna a respeito destas situações, fiz ouvidos de mercador e continuei a caminhar.
Mas, não é que quando ele me via, nos dias que se sucederam, insistia em me chamar. E eu continuava a andar firmemente, sem dar atenção.
Só que aquilo foi me assustando.
Comecei, dessa forma, a evitar a rua. E, quando saia, olhava para os lados, assustado e com medo. Aterrorizado e trancado em casa fiquei assim por semanas. O tempo exato eu não sei dizer : me pareceram anos.
A rua era o Inferno !
Eu disse para a minha mãe do ocorrido e ela me pediu para que, quando acontecesse, a avisasse.
Até que um dia precisei ir à Prefeitura falar qualquer coisa com a minha mãe. Morávamos perto e não tinhamos telefone.
E eis que na esquina da avenida, lá estava ele. Morrendo de medo, passei pela praça em frente, bem longe.
Mas, não adiantou. Ele chamava, fazia o tal do "psiu!" e ameaçou até vir em minha direção.
Corri até a Prefeitura e contei para minha mãe.
Dona Anna largou o que estava fazendo e foi até lá. Acabou com a raça do sujeito.
Não contente com a situação procurou a Diretoria da Internacional e até descobriu que existiam outras queixas contra o sujeito.
Meu medo se tranformou em asco e nunca mais o vi.
Acho que hoje ele já deve estar no Inferno. E com aquele tridente do capeta enfiado no rabo.
Acredito que é assim que acaba esse tipo de gente.
Eu escapei. Mas e quanto aos milhares que são abusados, e até mortos, por esse mundão afora?
Por isso, quando ver alguma coisa suspeita, não tenha medo. Mesmo cometendo uma gafe, interceda.
Lembre-se que a criança é indefesa e, na maioria das vezes, mal orientada.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A Revolução de 32

A Revolução Constitucionalista de 1932 foi deflagrada para exigir a convocação de uma Assembleia Constituinte. O movimento ocorreu durante o governo de Getúlio Vargas que estava no poder desde 1930. Foi uma reação da elite e de parte da classe média paulistas, que haviam perdido o poder político com a Revolução de 1930. Morreram nos conflitos centenas de pessoas.
Pois bem, apesar de haver perdido a "batalha", São Paulo comemorou as conquistas políticas - advindas deste confronto - como uma vitória.
Pouco tempo após o final do conflito, o Governo paulista disponibilizou um trem da Companhia Paulista de Estradas de Ferro para que os moradores do interior pudessem participar de um desfile cívico na Capital paulista para comemorar o feito.
Meu pai, na época com 15 anos, juntou-se a um grupo de amigos e rumou neste trem para São Paulo.

O desfile

O trem ia parando pelas estações e eles - os meninos - sem dinheiro e com fome puseram em prática um plano: entravam nos bares das estações (já quase na hora do trem partir) e compravam biscoitos e salgados.
Quando o trem já estava saindo, eles corriam, subiam no vagão já em movimento e, sem pagar a conta, dividiam o "almoço".
Algumas paradas à frente a prática teve de ser abandonada: o telegrafista sempre avisava com antecedência os chefes das estações.
Chegando a São Paulo a turba foi até ao centro e desfilou pelas avenidas, de onde meu pai - marchando no compasso dos demais - acenava ao povo feito um revolucionário.

A corda

A noite caiu e os "réis" no bolso eram poucos.
Meu pai e os amigos, então, resolveram procurar um hotel ou uma pensão, alí mesmo pelo centro, para passar a noite.
Mas a única coisa que puderam pagar foi a "corda".
Eu explico: Meu pai disse que dormiram todos sentados em um banco de madeira, lado a lado, apoiados em uma corda.
Sentados e debruçados sobre uma corda enorme dormiram, em um corredor, a noite toda.
Pela manhã, antes das seis da manhã, o dono da pensão acordou a todos de uma só vez desamarrando uma das pontas da corda.
Meu pai acordou quase no chão, amortecido pelos ombros dos "vizinhos".
A volta foi dura : o corpo cansado pela noite mal dormida e a vigilância dos chefes de estação não deram trégua.
Hoje, 78 anos depois, ficou essa desconhecida história dentro da História.
E por isso, para mim, o 9 de julho tem outro sabor.

Morte suspeita


O curitibano Yves Hublet ganhou destaque no Brasil em 2005 ao atacar a bengaladas o então deputado José Dirceu, que estava sendo processado por envolvimento no “mensalão”. Ele era escritor e morreu no dia 26 de julho de 2010 na capital federal em circunstâncias estranhas, segundo relato de seu editor e amigo Airo Zamoner, da editora Protexto.
Hublet completou 72 anos em abril passado. Segundo o editor, depois do episódio da bengalada, o escritor enfrentou vários problemas no país e mudou-se para a Bélgica, pois tinha dupla cidadania. “Voltou em maio último para Curitiba a fim de tratar de um livro a ser publicado por minha Editora e para tratar de papéis de um casamento anterior, pois pretendia se casar novamente na Europa”, revela Zamoner. Segundo este, para retornar à Bélgica Yves Hublet
foi até Brasília. “Ao descer do avião foi preso em Brasília e ficou incomunicável”, segundo o editor. No presídio teria adoecido e foi hospitalizado, sob escolta. “Alegou-se que estava com câncer. Ele teria falado com uma assistente social e passou o telefone de uma ex-namorada de Curitiba de nome Solange. Foi ela quem recebeu telefonema de Brasília comunicando o falecimento do Yves. O corpo dele foi cremado por lá”, informa o editor Zamoner.
Yves Hublet escreveu livros infantis como “A Grande Guerra de Dona Baleia” e “Artes & Manhas do Mico-leão-dourado”, além de histórias em quadrinhos para a Editora Abril.

A pergunta é:
Qual o motivo da prisão de Yves Hublet em Brasília?
A ela se juntam outras subsequentes:
Por que ele ficou incomunicável?
Por que adoeceu, que aconteceu de verdade nessa história de doença?
Pior ainda:
Por que cremaram o corpo sem que as investigações fossem concluídas, se é que foram iniciadas?
Por que não é divulgada a causa mortis?
Por que não está claramente determinada a data da prisão, além do motivo?
Dizem que ele foi preso por posse ilegal de arma e faleceu devido a um câncer retal.
Mas, ainda assim, isso está estranho. Não acha ?

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Signs of the times

A empregada doméstica virou "Secretária", o funcionário da empresa virou "Colaborador", aquela moça que dá banho nos cachorros virou "Esteticista para animais domésticos" e o "Cabeleireiro" detesta que ainda o chamem de barbeiro.

Fogo no rádio em Bebedouro

Ely Simões, locutor há 60 anos, fala "duzentAs gramas", "quinhentAs gramas"...
Roberto de Oliveira, locutor há mais de 35 anos, fala "menAs"...
Walter Gomes, locutor há mais de 30 anos, não lê o texto antes e se atrapalha todo e fala - em 90 % das frases - o famoso "né?".
Eduardo Iha não conhece a vírgula e "canta" o texto.
Mizael Buinauski nos dá a impressão que leu. Mas se perguntarmos a ele sobre o que era a notícia...ferrou !
O Paulo Costa conhece do meio de campo. Esse é bom na leitura e no comentário sobre ela...
E a Walkiria deixa a desejar na leitura do texto, mas manda bem no comentário...

domingo, 15 de agosto de 2010

Esquisitices - parte II

Continuando a série, volto à carga com mais algumas manias. E acredite, sei que você é normal e jamais faria alguma coisa parecida. Vamos lá :
Confiro o alarme do celular todos as noites, antes de dormir, por pelo menos umas três vezes ( com medo de perder a hora no dia seguinte ).
Falo "muinto" ( "muinto" obrigado, "muinto" calor, etc ) e "rúim" ( erro feio de prosódia, que não corrijo ). Isso sem falar na "Hair" France, Ocean "Hair" e outros "hair" que aparecerem.
Só sei dormir virado para o lado direito, mas todas as vezes que acordo estou sempre sobre o lado esquerdo.
Adoro misturar salgado com doce, só como com o arroz no lado direito do prato, bebendo alguma coisa que não seja água e de preferência com uma banana no prato.
Meu intestino só funciona se eu estiver lendo alguma coisa e fica melhor ainda com o rádio ligado. E, por falar em rádio, só tomo banho escutando música ( menos sertaneja ) ou notícias.
Não uso carteira e levo meus documentos sempre no mesmo bolso ( se colocá-los no outro bolso fico incomodado ).
Não gosto de sentar em bancos laterais na Igreja e não gosto que toquem na minha aliança ( com exceção da minha mulher ).
Para as coisas, digamos, mais sérias não uso banheiro fora da minha casa e detesto que alguém esteja dentro dele quando o estou usando - seja lá para o que for.
Apesar de mantê-las curtas, não gosto de cortar as unhas dos pés e nem de fazer a barba. E só uso shampoo anti-caspa ( apesar de não tê-las ).
É mole ou quer mais ?

Ditos sentenciosos

Num passado distante escutei uma frase do meu irmão que era assim:
-“Se você não gostar de uma pessoa, mande um pedreiro para trabalhar na casa dela”

E num passado mais distante ainda escutei essa do Norival, que trabalhava comigo no banco:
-“Quando vejo mulher grávida e buraco de alicerce fico todo arrepiado”

A tremenda forma de vingança da primeira frase e o medo da segunda têm seus fundamentos. Hoje eu sei!

Reforma

Descobri que mil moedas de 1 real não vão dar para nada quando você pensar em fazer qualquer subidinha no muro de sua casa.
Juro que não sei como as pessoas fazem para construirem aquelas casas de dois andares cujos muros dobram as esquinas e os quintais sugerem, de fora, que vai haver uma piscininha por alí.

Causos do Sylvio

Vira e mexe lembro de histórias que meu pai contava ou que contavam sobre meu pai.
Nos idos dos anos 40 meu pai trabalhava em seu açougue - o "Guarany" - onde hoje funciona o Mercado Municipal velho aqui de Bebedouro.
E subindo em um toco de madeira ( onde se cortava os grandes pedaços de carne ) para pendurar ( naqueles enormes ganchos ) uma peça recém abatida, ele escorregou.
Na tentativa de segurar no gancho, para não se esborrachar no chão, ele acabou por ficar pendurado pelo braço.
O gancho atravessou o antebraço do meu pai e ele ficou preso pelo pulso.
Arrepiou aí, né ?
Pois bem, não sei como o resgataram dessa situação.
O saldo disso tudo foi que minha mãe, por mais de 50 anos, enfeitou o esquife da imagem do "Senhor morto" na procissão da Semana Santa, como forma de agradecimento pela cura do braço do meu pai : que recuperou seus movimentos normalmente.
Mas, a graça da história ainda está por vir.
Meu pai, quando da última consulta ao médico que lhe assistiu, perguntou :
-“Doutor, tenho uma dúvida a respeito desse braço!”
-“Pois não, Sylvio, pode falar”
-“Com esse braço costurado eu vou conseguir tocar bem um violão?”
-“Claro que vai. Perfeitamente!”
E meu pai emendou:
-“Até que enfim! É que faz 20 anos que eu venho tentando tocar direito esse negócio e não consegui até hoje”.

Túnel tinto de sangue

Esse caso da morte do filho da atriz Cissa Guimarães causou-me uma série de sentimentos contraditórios.
Fiquei chocado a príncipio, triste mesmo. Só em pensar na situação de uma mãe e de um pai que perderam seu filho de 18 anos de uma forma tão trágica assim.
Como se a idade e a forma da morte fossem algo muito relevantes para os pais nessa situação.
É claro que, quanto mais velhos os filhos e a forma da morte deles mais branda, o luto dos pais acaba por ser vivido de uma maneira mais confortável.

Outro sentimento que tive foi de pena dos pais e do jovem atropelador. Quem poderia imaginar que num túnel fechado para o trânsito, altas horas da madrugada, poderia haver um grupo de pessoas andando de skate ?
Pelas imagens dos meninos e dos pais, nos jornais e na televisão, a gente pode perceber que não se trata de um caso de deliqüência juvenil crônica e contumaz. Foi uma transgressão pontual e mal sucedida que, apesar disso, deve ser punida com a Lei.

Outro sentimento que eu tive foi o de raiva desse bando de imbecis que usam seus carros e motos como uma extensão do ânus, produzindo uma merda só por onde passam.
Cambada de imaturos e inconsequentes que querem provar, mais a sí mesmo que aos outros, que fazem alguma coisa a mais do que somente peso sobre a Terra.

Senti também certo inconformismo ao ver a Rede Globo querendo insistentemente mostrar que andar de skate dentro de um túnel em manutenção, às 2 horas da manhã e sem autorização de ninguém é uma coisa prá lá de natural. E tranferindo toda a culpa pelo acidente somente ao rapaz do automóvel.

E retorci meus nervos de indignação ao saber que a polícia obriga aos transgressores em geral a pagarem propinas para se verem livres das autuações e detenções, das quais eles não se importariam em sofrer o peso da Lei.
Ou seja, o cara pode até achar que merece ir para a delegacia ou levar uma multa daquelas.
Mas, não interessa : ele tem de pagar ao guarda a famosa cervejinha, quer ele queira ou não !

E, por fim, fiquei puto - mas, bota puto nisso - ao ver a tal da Cissa pichando as paredes do túnel, junto com os amigos do menino morto, em forma de homenagem ao filho.
O Rio de Janeiro está um caos, uma terra sem ordem, onde anda solta a corrupção da Polícia, onde as leis são ditadas pelas drogas e pelo tráfico, onde a urbanização sofre uma degradação irreversível, onde as belezas naturais já não seguram mais a fama da Cidade Maravilhosa e onde - infelizmente - quem não é malandro acaba sendo otário ( segundo eles mesmo dizem ).
O Rio de Janeiro acabou faz tempo.
E a Cissa bem que poderia levantar a bandeira da indignação por uma cidade melhor. Ainda mais em um caso onde corrupção e violência no trânsito são os ingredientes principais. E tudo isso divulgado com uma amplitude inegável : já que os fatos foram levados ao ar em cadeia nacional e sensibilizaram muita gente.

Mas, não ! Ela preferiu dar outro mau exemplo. Aliás, péssimo exemplo.
Pichando, degradou ainda mais o espaço público.
Local onde - entre outras coisas, como se jogar lixo, por exemplo - não se deveria "tirar um racha" ou se andar de skate pela madrugada.

Incentivou, assim, os miolos moles da vida a escalarem os muros da minha e da sua casa para escreverem um monte de coisas desconexas que só servem para - além de indignar-nos e enfeiar o ambiente em que vivemos - inflar o ego moldado pela ignorância, pelo egoísmo e pela falta de cidadania destes pobres seres.

E, para fechar com a chave de ouro da insensibilidade, restou-nos o gesto do ex-marido da moça e pai do rapaz : esse fez uma tatuagem enorme como forma de reverência ao menino. Como se tingir a pele fosse algo que desse dignidade ou melhorasse alguém.

Esse é o Rio de Janeiro e essas pessoas fazem parte dos nossos formadores de opinião.

Estamos bem arrumados, como diria meu finado pai.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Esquisitices

Aposto que você é uma pessoa normal, até demais. Não tem manias e não implica com nada.
Eu não ! Tenho esquisitices que nem eu sei explicar o porquê delas. Posso, sem pensar muito, citar algumas.
Por exemplo, se molho uma mão tenho que, necessariamente, molhar a outra. Nâo gosto que a moça do caixa do supermercado - no momento em que estou olhando para a máquina de passar o cartão de débito e com o dedo apontado para aquele teclado - me diz "Pode digitar a senha!".
Não suporto gente que diz "Obrigado eu!" e conta a idade na língua do ponto : "Quatro.nove", "Cinco.zero"... Me dá nos nervos !
Outra, não gosto de silêncio quando estou comendo junto com outras pessoas: aquele barulho de boca me irrita!
Não sei ficar em casa sem ligar alguma coisa que faça barulho: vou passando e ligando rádios e televisões pelo caminho.
Só rezo à noite deitado nem de lado, nem de costas e virado para o lado direito.
Não deixo chinelos e sapatos virados: mesmo não acreditando nessas coisas e não tendo nem a mãe viva ( que poderia - segundo a crença - ser afetada por essa atitude ).
Não tomo banho depois de almoçar ou jantar e só durmo se cobrir as pernas.
Fico puto quando pergunto para a pessoa como ela vai e ouço a resposta: "Não tão bem como você!".
Só durmo do lado da porta, só lavo a cabeça no final do banho, encho o vaso de papel e quando o sabonete fica do meio para o fim eu jogo fora.
Detesto espelho sujo e fico com a consciência pesada quando passo ao lado de uma Igreja e não faço o sinal da cruz ( seja o lado que for ).
Tenho opiniões desconcertantes sobre religião e família, mas fico indignado quando alguém as vilipendia.
Não gosto daquela música do Padre Zezinho sobre a família, porque quando a cantam todo mundo dá as mãos e ninguém para de chacoalhar a gente até aquela chatice acabar.
Não gosto que cantem outra coisa além do "Parabéns a Você" em aniversários ( e agora virou moda abençoar e aniversariante chacoalhando as mãos para cima e fazendo outras babaquices ).
Detesto mulher vulgar e, mesmo quando solteiro, nunca comprei uma Playboy. Não gosto de futebol, de pescar e de boteco.
E, por fim, tenho uma dúvida cruel que me persegue há muito tempo : Será que eu tenho cura ?

Caminhando

Por ser cardíaco, deveria caminhar todos os dias. Mas, desde que me conheço por gente, fazer força física nunca foi o meu forte.
Era péssimo e detestava as aulas de Educação Física que, por serem mais cômodas ao professor e fazerem a alegria dos demais meninos, basicamente eram partidas de futebol.
Eu era persona non grata nos times e ficava sendo sempre um dos ( senão o ) últimos "escalados" pelos demais para defender a camisa ( ou a ausência dela ) do time da classe.
Minhas alegrias naquele tempo eram a música, os livros ( abundantes em minha casa ), os gibis e as duas invenções da minha vida : um "laboratório" com plantas mergulhadas em vidros ( com álcool, água e o que tivesse mais à mão ) que caberia hoje em uma caixa grande de sapatos ( calço 43 ); e a minha "discoteca", montada em um quarto que existia no fundo da casa, composta de um rádio-gravador ( que não tinha FM ), um rádio de válvulas que servia como amplificador, duas pequenas caixas de som, alguns alto-falantes espalhados pelo ambiente e luzes coloridas ( dessas pequenas que iluminam as santas pelas varandas ).
Como podem perceber, sempre fui cercado de pessoas e sempre muito distante delas. Era um solitário na verdade. E percebí, aos poucos, que existiam pessoas mais interessantes e com atividades mais "comuns" que as minhas. Delas eram as preferências de amizade dos demais. Restou-me ser o amigo coadjuvante, aquele que era chamado para "fazer número" e engrossar a turma. Sempre tive "melhores amigos" e nunca o fui de ninguém.
E assim, meio que solitário, vou caminhando.
Hoje a música continua pulsando dentro de mim e não vivo sem ela. Creio que o céu é barulhento : ao contrário do que a gente vê nas paredes das Igrejas.
Não sei tocar nenhum instrumento e desconheço, com exceção da clave de sol na música dos Secos e Molhados, o significado das notas músicais.
Não sei cantar e fui reprovado para compor o coral do Paraíso Cavalcanti em 1977 pela professora de Artes - Dona Alba Lessa ( de saudosa memória ). Confesso que isso se tornou uma das minhas secretas pequenas frustrações.
Hoje o meu laboratório tem HDs, memórias RAM, monitores, teclados e mouses. E não sei passar um dia sequer sem mexer nele. Continuo a não saber o conteúdo dos vidros, mas tenho o prazer de teclar e flutuar nesse mundo virtual do qual muito pouco entendo.

Dores

Numa tarde de quarta-feira eu fui caminhar e, já à noite, caí.
Vou poupá-lo das circunstâncias de como isso ocorreu. Mas, deixo a você a impressão da dor e da vergonha que senti : estava conversando com duas primas queridas da minha mulher quando isso ocorreu. Falava pelo cotovelos ( minha triste marca ) e um deles foi o que mais sofreu.
Passadas as dores da vergonha e do impacto vêm as dores do corpo. Porém, sedentário e herdeiro das dores de minha mãe - que se alternavam entre o coração, as articulações e o inconformismo - estou acostumado a conviver com pontadas e entorses, que sempre rastejaram dentro de mim.
Mas dessa vez foi diferente, meu braço direito - justo ele - não estendia mais. E naquela noite após um banho sei-lá-como tomado, fui ao Pronto-Socorro.
Após medicado, fui conduzido à sala de radiografias da extinta Santa Casa da cidade para um diagnóstico óbvio nesses casos de queda.
Subindo aquelas rampas, num corredor estreito que vai da recepção ao restante do edifício, minha alma gelava. Da percepção a confirmação do porquê daquele sentimento bastou um segundo.
Foi por alí que no dia 04 de julho de 2006, ajudei a empurrar a maca que conduziu minha mãe para um desnecessário raio-X de tórax.
Naquela manhã de terça-feira e sob suspeita de pneumonia - desatinado veredito da médica de plantão - minha mãe buscava o ar que, para desespero dela e meu, havia desaparecido do mundo. Inquieta sob o aparelho de Raio-X ( que só funciona na imobilidade do paciente ) ela revirava aflita um lençol verde e se debatia sobre o travesseiro enorme de mesma cor.
Eu sofria ( sofro e sofrerei ) ao ver aquilo. Minha mãe sem aquele fôlego que se enchia para firmemente me ensinar quase todas as palavras que deito sobre esse texto não conseguia encher o peito sobre o qual adormeci por anos.
E eu ali, inerte, sem poder fazer nada contra a Natureza e o destino.
Me sentia impotente, covarde, frouxo, ingrato, péssimo...
Após aquela sessão de torturas e antes da radiografia ficar pronta, e já em outra sala, minha mãe partiu pros braços de Deus.

Na sala

Chegando na sala de radiografias a séria, e não muito simpática técnica, pediu para que eu sentasse em uma cadeira ao pé da mesa de exames.
Ela foi preparar a chapa e eu fiquei ali no silêncio, esperando.
Meus olhos corriam aquele lugar enquanto meu braço doía como nunca havia doído.
Nessa hora olhei para frente e só então notei que o lençol e o travesseiro eram daquela mesma cor verde, que pintava as paredes da minha amargurada memória.
O cheiro e o lugar eram os mesmos daquele julho de 2006. Só a sensação que era outra. Agora, mais sereno e mais sofrido, só corria o frio da lembrança e da saudade em minha alma.
E, como sempre solitário, percebi que só me resta caminhar e aprender que as quedas vieram e virão. E apesar de nosso corpo com elas padecer, ficamos mais experientes e fortalecidos para ensinar passos mais seguros aos nossos descendentes.
Até o dia em que, já sem o fôlego essencial para a continuidade de nossas vidas, os deixaremos com um pouco de nós dentro deles.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pense nisso

Há máximas na vida, felizmente, que funcionam como referências esclarecedoras!
Uma delas: " Uma corrente é tão forte quanto o seu elo mais fraco!"
Portanto, uma pessoa é tão honesta quanto as "pequenas desonestidades" que comete.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Mais um tonto


A atriz Sthefany Brito perdeu nessa segunda (02/08) o direito a 20% de toda a renda de seu ex-marido, o jogador Alexandre Pato.
O desembargador Sérgio Jerônimo Silveira suspendeu o benefício que a atriz havia conseguido em 8 de julho. Além da pensão mensal de 20% do salário do jogador, que é cerca de R$ 650 mil, Sthefany também tinha direito a 20% de seus ganhos em contratos.
O advogado do jogador, João Paulo Lins e Silva, que havia oferecido R$ 5 mil mensais durante um ano para a atriz, tinha prometido que iria recorrer da decisão da justiça para suspender a pensão à Sthefany.

Deveria não só dar a ela os 20% como ser obrigado a fazer palestras a seus pares explicando que atrizes, funqueiras, "modelos", "samúdios" e outras porcarias não são as melhores companheiras.
Que o correto seria - se quiser se enroscar com alguém - voltar lá pra cidade de onde começou e pedir em casamento a primeira namoradinha que conheceu ainda pobre. Essa sim, se ele se manter fiel ( outra prerrogativa ), irá ficar ao lado dele para toda a vida.

Época das pesquisas

Adorei esta historinha publicada pelo jornalista Maurício Dias. Ele diz acreditar nas pesquisas. Porém não duvida de uma possível má intenção do pesquisador, e mostra isso nesta fábula :

“Um jovem sacerdote pediu ao superior autorização para fumar enquanto rezava.
A resposta foi um grande e lógico "não".
Posteriormente, ouviu a sugestão de um amigo, talvez um pesquisador experiente:
"Pergunte se você pode rezar enquanto fuma".
A resposta, desta vez, foi um docílimo "sim”.

A mesma pergunta. A mesma pessoa. Respostas inversas.
Assim como o tal do Maurício, também sigo acreditando nas pesquisas.
E você?

Recomeçamos bem