segunda-feira, 16 de maio de 2011

Imprensa falada e escrita...

Fico incomodado quando ouço a Sessão da Câmara Municipal de Bebedouro e logo na saudação os vereadores cumprimentam - além dos presentes, dos ouvintes e dos internautas - a Imprensa fala e escrita".
Muito mais fácil seria saudar aos representantes da Imprensa de um modo geral. Soa arcaico, repetitivo, parece "encheção de linguiça" e falso eruditismo. Toda vez que ouço este dispensável cumprimento lembro-me do Odorico Paraguaçu discursando em "O Bem Amado".
Bom, se bem que às vezes a Imprensa local (a falada, no caso) também não colabora muito quando o assunto é retórica.
Para se ter uma prova concreta disso é só ligar o rádio em qualquer estação local.
Como só ouço a Rádio Nova quando está em rede com a Jovem Pan, dificilmente acompanho a Caminho Seguro e na Rádio Iguatemi FM só sintonizo para ouvir o Jornal do Meio-dia, restou-me "deitar a lenha" na Rádio Bebedouro: que é a que mais acompanho.
Na Iguatemi, por exemplo, estou cansado de ouvir o Roberto de Oliveira (neste Jornal do Meio-dia) desfilar seus "esteje", seus "seje" e seus "menas". Ou, em vez de chamar alguém de camarada, cidadão, meliante, sujeito, ouvinte ou responsável, ele disfere um sonoro "nego" : "'Nego' vota errado e depois reclama", "Se o 'Nego' quiser aproveitar o desconto é só ir na loja hoje", "Já ligou um monte de 'Nego' aqui para participar do sorteio". E, assim vai!
Nem é por maldade. Mas, convenhamos, na época do "politicamente correto" e com o mundo lotado de chatos doidos para taxar a gente de homofóbico, preconceituoso e racista é arriscadíssimo se aventurar com essas expressões comuns em outros tempos.
O resto do jornal é só propaganda dele mesmo e das festas e duplas sertanejas que ele promove pela região: é festa em Taiúva, quermesse em Túrvinea, procissão em Severínia, Rodeio em Taquaritinga (onde a Rádio mal "pega"), show de "Bil e Bel", de "Mil e Mal" e de outros desconhecidos.

Já, a pérola das pérolas está na Rádio Bebedouro. E essas pérolas vêm de uma dupla de gente bem intencionada e antiga no rádio, mas que ainda tem muita coisa para aperfeiçoar. Um desses "aperfeiçoamentos" é ler a notícia antes de a divulgar nos microfones do rádio.
Fica mais fácil a gente entender isso com alguns exemplos. Vamos a eles:
- Quando a gripe H1N1 "estava na moda", por muito tempo a locutora Walquiria Scandaroli e o radialista Walter Gomes nomeavam-na, lendo no ar provavelmente de alguma grande publicação, de H"i"N"i".
Explico: o caracter "l" e o "1" nos confundem. Você, se não estiver por dentro do nome correto da coisa, não sabe se é um "éle", um "i" ou o número "um". Eles, como não deviam assistir aos jornais da televisão ou escutar alguma outra rádio, acharam por um bom tempo (muito mesmo) que aquele "l" era um "i".
- O Walter Gomes, dia desses, chamou a Miriam Belchior (Ministra do Planejamento) de "Miriam Belxior": que nem a Xuxa, sabe! Meu Deus, ele nunca leu o nome do cantor Belchior na vida?? De onde tirou isso?
Acha que estou exagerando? Pois vamos datar esses acontecimentos:
- Dia 23 de março de 2011, ele chamou a Usina atômica japonesa de Fukushima, de "Fukucima" (com a pronuncia de um "C" mesmo. Justo aqui, sem o "X" da Xuxa). E não foi uma vez só não. Deu até para eu chamar minha mulher e a gente esperar ele repetir a proeza por várias vezes. E vejam que esse nome é, desde o terremoto, repetido diariamente em qualquer veículo de comunicação do mundo.

- No dia 24 de abril de 2011, referindo-se a uma venda de veículos do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade, ele leu a placa "EDY", como "Edi". Edi? Já pensou se a placa fosse WKJ? Como ele iria pronunciar isso? Placas a gente soletra, não é mesmo?
- Neste mesmo dia 24 de abril, ele disse que Abilio Manoel, que dá nome a uma antiga escola da cidade, nasceu em Caetê, na Bahia. Na Bahia não existe Caetê! Existem Caeté-Açu e Caitité. Nessa última foi que nasceu o ilustre homenageado. Pergunto: Leu a matéria antes? Duvido!
- Em 31 de março de 2011, Walter Gomes matou pela segunda vez o autor de "Iracema" e de "O Guarani": pois chamou o vice-presidente morto, por diversas vezes, de "José DE Alencar" (que, diferentemente do nosso vice, morreu muito pobre).
- Feminino de afegão? É afegã. De irmão? É Irmã. E de Capitão?

É, segundo a Walkiria e o Walter Gomes, "Capitão" mesmo. Não existe "Capitã" no vocabulário deles. Aqui em Bebedouro a Comandante da Policia Militar é uma mulher. Tão mais delicado, mais feminino e sem perder o respeito do posto ocupado por essa importante mulher, seria chamá-la de Capitã. Mas não na Rádio Bebedouro! Lá "A Capitão Scomparin disse...", "E segundo a Capitão Scomparin...".

Fica até feio, né?
Ah! Quando falaram isso? Marca aí: nos dias 13 de abril e 16 de maio de 2011.
Quer mais?
- Só a Walkiria e a Marta Suplicy chamam a Dilma de "Presidenta". E ainda não disseram a ela que na Rede Globo os repórteres falam "Roráima" em respeito aos telespectadores daquele Estado : o "Jornal Nacional" passa aqui e passa lá também! "Roráima", portanto, é pronúncia regional. O resto do Brasil fala "Roraima" mesmo.
Tudo isso, e muito mais, regado àquele som da "exclamação" (plin!) do Windows (sabe aqueles sons que você tem no Computador, lá no Painel de Controle, quando abre e fecha janelas, dá erro, etc?). Lá na Rádio eles devem conectar o módulo de apresentação do Alexandre Garcia (bom demais!) pela Internet ou entrar com algum aplicativo que usa a "exclamação" enquanto rola o Jornal. Só que, pelo jeito, lá ninguém sabe como se para o tal barulho da "exclamação", que fica permeando insistentemente a voz dos ilustres locutores a cada clique do operador de som. Morro de vontade de ir lá e ensiná-los de uma vez!
Bom, quando eu ouvir mais baboseiras eu conto aqui. Certo?