quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Na sala

Chegando na sala de radiografias a séria, e não muito simpática técnica, pediu para que eu sentasse em uma cadeira ao pé da mesa de exames.
Ela foi preparar a chapa e eu fiquei ali no silêncio, esperando.
Meus olhos corriam aquele lugar enquanto meu braço doía como nunca havia doído.
Nessa hora olhei para frente e só então notei que o lençol e o travesseiro eram daquela mesma cor verde, que pintava as paredes da minha amargurada memória.
O cheiro e o lugar eram os mesmos daquele julho de 2006. Só a sensação que era outra. Agora, mais sereno e mais sofrido, só corria o frio da lembrança e da saudade em minha alma.
E, como sempre solitário, percebi que só me resta caminhar e aprender que as quedas vieram e virão. E apesar de nosso corpo com elas padecer, ficamos mais experientes e fortalecidos para ensinar passos mais seguros aos nossos descendentes.
Até o dia em que, já sem o fôlego essencial para a continuidade de nossas vidas, os deixaremos com um pouco de nós dentro deles.

Nenhum comentário: